Luis Zubeldía vive semanas intensas no comando do Fluminense. Em menos de dois meses, já foram dez partidas, muitas viagens, vitórias e frustrações. Apesar da pouca idade, o argentino possui experiência para lidar com os altos e baixos do futebol.
A longa trajetória de Zubeldía como treinador
Zubeldía tem 44 anos e comanda equipes há 20 anos. Ele iniciou sua carreira em comissões técnicas profissionais aos 24 anos, em 2005, no Lanús. Assumiu como treinador principal da equipe dois anos e meio depois, aos 27 anos.
Nessas duas décadas, o técnico passou por seis países, conheceu novas culturas e conquistou títulos antes de chegar ao Brasil. A paixão pela profissão é o que o move e o faz aceitar o preço a se pagar.
“O preço que cada um paga pela profissão pode ser alto. Eu vejo meu pai e minha mãe envelhecerem à distância. Porque são 18 anos viajando, estando em lugares distintos. O preço mais alto que eu paguei, o único que considero pagar, é esse. Me alijar dos meus pais, vê-los crescer e, quando nos encontramos, já não são os mesmos. Mas me enriqueceu muito, como pessoa, conhecer culturas distintas, tipos de jogadores, pensamentos diferentes. Não é o mesmo como pensa um argentino, um uruguaio, um brasileiro, um equatoriano e um colombiano. Somos todos iguais, mas gerir é difícil. Cada um é um mundo”, contou o treinador.
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O fim precoce da carreira de jogador
Luis Francisco Zubeldía, desde jovem, mostrou talento para jogar futebol. Era um volante promissor, com passagens pela seleção sub-17 e sub-20. O desempenho com a Albiceleste rendeu interesse de grandes clubes, como o Boca Juniors.
No entanto, foi no Lanús que construiu a vida como jogador, por escolha dos pais. A carreira, que prometia sucesso internacional, foi encerrada precocemente devido a uma lesão no joelho esquerdo.
“No momento em que estava me desenvolvendo como jogador, sofri a lesão. Creio que acelerei os processos, o que depois prometi não fazer como treinador. Estava sendo uma carreira muito rápida e o corpo cobrou o preço. Não tive tempo para sofrer. Fiquei três anos tentando me recuperar das operações. Quando você faz tudo — do mesmo jeito que em um jogo, em que faz tudo e não consegue — foi o que eu senti. Havia feito tudo: as recuperações perfeitamente, ia ao médico, depois treino de força, dormia cedo. Fazia tudo perfeito, mas não ia. Então tirei a mochila, fiz tudo. Essa energia investi na carreira de treinador”, relembra o técnico.
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Jornalismo e a transição para treinador
O que poderia ser uma situação difícil — a decisão de parar de jogar — foi conduzida de forma rápida. Com auxílio do Lanús, ele fez a transição para o cargo de treinador do time juvenil e virou auxiliar técnico, “sem tempo para sofrer”.
Zubeldía chegou a considerar o jornalismo esportivo como outra opção de carreira. Estudou por três anos, o que afirma terem sido importantes para entender o trabalho da imprensa e a ética da profissão.
“Porque acho que é preciso ter paixão por essa profissão. Por todas. E essa paixão por ser jornalista eu não tinha. Teria que ter paixão por escrever, televisão, redes sociais ou rádio. Eu não tinha essa paixão. Então disse: isso não é para mim. Vamos ao futebol”, explica.
Adaptação ao Rio de Janeiro e ao Brasil
Zubeldía foi anunciado pelo Fluminense no dia 25 de setembro. São 44 dias no Rio de Janeiro, mas com pouca oportunidade de conhecer a cidade devido à intensa rotina de trabalho.
São dez partidas no período, uma média de uma a cada quatro dias. A possibilidade de passeios pela cidade ficará para quando sua esposa e filhas chegarem.
“Minha esposa conheceu o Maracanã, para a gente é muito significativo. Há certos estádios que ficam na nossa cabeça. Passei pelo Morumbi no ano passado. Agora, com o Maracanã. Estivemos no Azteca também, na Concachampions. Para gente que trabalha com futebol, estar nessas catedrais do futebol já é muito. Fui no Pão de Açúcar, é lindo, a praia também. Mas o Maracanã, o Maracanã, é o cenário mais lindo que poderia ter”, completou o treinador.
Parte da adaptação ao Brasil, onde já treinou o São Paulo na última temporada, passa também pelo idioma. O técnico concede entrevistas em espanhol, mas pede para que todos falem em português com ele.
“Estou estudando português. Primeiro, não quero faltar com respeito à língua. Para falar mal, prefiro não falar. Segundo, pelo interpretativo. Às vezes, uma palavra errada… Depois, não podemos desmentir o que vão postar nas redes sociais minuto a minuto. Então prefiro falar meu idioma. Entendo que é chato traduzir, interpretar. Mas fico tranquilo com a palavra que queria dizer. Mas podem falar em português comigo, porque entendo tudo, ou quase tudo.”
Objetivos no Fluminense
O técnico argentino recebeu duas missões: classificar o time para a Libertadores via Campeonato Brasileiro — o que até aqui está conseguindo — e preparar a equipe para a semifinal da Copa do Brasil, contra o Vasco.
No Brasileirão, o próximo desafio do Fluminense é contra o Cruzeiro, no Mineirão.
Fonte: Globo Esporte