O São Paulo empatou em 2 a 2 com o Flamengo na Vila Belmiro em um jogo movimentado. O Tricolor paulista abriu o placar, sofreu a virada, mas buscou o empate na segunda etapa, especialmente após ganhar vantagem numérica.
Em entrevista pós-partida, o técnico Hernán Crespo avaliou a atuação da equipe contra o clube carioca e comparou momentos do clube na temporada. Ele lembrou que sua estreia foi justamente contra o mesmo adversário.
Crespo avalia desempenho e compara fases do São Paulo
Crespo destacou a dificuldade de jogar contra o Flamengo, elogiando a qualidade e a evolução do time carioca. Ele ressaltou que o empate deixou uma “sensação bem legal”, especialmente considerando o momento atual da equipe rubro-negra.
“Nunca é fácil jogar com o Flamengo, muita qualidade, o time se encontrou bem, o empate está bem, vou lastimar o final, achávamos que podíamos virar, mas acabar o jogo com essa sensação é bem legal, pelo momento atual do Flamengo”, afirmou o treinador.
O comandante argentino explicou a estratégia de tentar variações táticas durante a partida, mencionando a entrada de Ferreira em uma função diferente. Crespo enfatizou que a base do time está sólida e que, a partir dela, é possível arriscar novas abordagens.
“Quando chegamos, era construir uma ideia. Depois arriscar coisas, quando assimilaram o que a gente pretendia. Se você ver, hoje colocamos Ferreira quando todos pensávamos que íamos botar lateral. A base está sólida, sabemos como jogar, a partir daí é tentar coisas, hoje tentamos coisas diferentes, algo que construímos em quatro ou cinco meses”, completou.
Desafios de manter a solidez e a realidade financeira
Crespo entende que o time estabeleceu uma boa base e uma forma de jogar consolidada. O grande desafio para o futuro é manter um nível competitivo alto e constante, evitando oscilações.
“Temos uma boa base. O que acontece é manter. Não fazer assim, bom jogo, ruim, chato, bom… Aconteceu de certas vezes não merecermos um resultado ruim. Temos que manter um nível competitivo, o que não é fácil. Há quatro meses, falavam em rebaixamento. Agora é lutar para cima…. Calma, step by step, saber construir. Muito difícil construir e muito fácil destruir”, analisou.
O treinador também comentou sobre as dificuldades financeiras do clube em comparação com equipes como Flamengo e Palmeiras, ressaltando a necessidade de humildade e trabalho para reduzir essa diferença. Ele admitiu que o clube ainda não está no mesmo patamar financeiro de alguns rivais.
“Nossa realidade financeira e econômica não está do mesmo nível. Aceitar isso com humildade e construir.”
Análise sobre a formação tática e o aproveitamento da base
Ferreira foi um dos destaques da partida, atuando em uma função de ala-esquerdo, posição não habitual para ele, devido às ausências de Enzo Díaz e Wendell. Crespo descreveu a jogada como pontual e dependente do contexto de cada jogo.
“Depende do jogo. A ideia não é jogar 3 ou 4 zagueiros. Hoje, Carrascal, Plata, jogavam dentro ou fora? Carrascal dentro, tinha Sabino. Lino fora, Cedric. Plata, com Ferraresi ou Arboleda. Joga um contra um contra Emerson Royal. Ferreirra tinha de defender e atacar. Você pode fazer essas coisas, quando a identidade é muito forte. Você pode começar a fazer coisas, mas isso depende de tempo. Tentamos, hoje deu certo, eles jogaram bem. Ferreira foi o melhor do jogo, ganhou prêmio, fez gol. Hoje deu certo, muitas vezes dá certo, outras vezes não.”
Sobre o desenvolvimento de jogadores da base, Crespo pediu paciência, explicando a importância de dar sequência de jogos para que eles possam evoluir, mesmo que isso signifique retornar ao time sub-20 em alguns casos.
“Vocês sabem que a gente gosta de fazer jogar os meninos de Cotia. O fato é: você sabe quantos atletas tinha no banco contra o Bahia? Faltavam dois. Não pegamos porque tinha de jogar no sub-20. Prefiro ter menos gente no banco para eles jogarem Paulistão, Copa do Brasil. Maik, como se recuperou da lesão? Jogando. Não é porque veio de cotia que tem de jogar e é solução. Negrucci pode jogar (na base)? Não pode, não tem mais idade… Tem que jogar, aprender. Muitas vezes não temos espaço.”
O treinador destacou a evolução do clube em termos de resultados, lembrando que há quatro meses a equipe lutava contra o rebaixamento e agora almeja uma vaga na pré-Libertadores. Ele enfatizou a importância da construção da identidade e da confiança no trabalho.
“Nada, somos as mesmas pessoas. Fico muito feliz, quando chegamos, se falava em rebaixamento. Hoje falamos que estamos lutando a chegar na pré-Libertadores. A construção foi muito grande. Você sabe as dificuldades, mas é confiar neles, precisa ter confiança. Precisa construir identidade, segurança nas próprias características. Dar carinho, se errar não acontece nada, temos de ter equilíbrio profissional.”
Comparação com Flamengo e Palmeiras
Crespo analisou a diferença entre o São Paulo e os clubes de maior poder aquisitivo como Flamengo e Palmeiras, atribuindo parte do sucesso deles ao investimento contínuo.
“Eu falo sempre, com dinheiro você encurta os tempos….. Há quanto tempo Palmeiras e Flamengo são competitivos? É assim. Felipe Luis sabe. Depois, só com dinheiro? Não, não quero faltar com respeito aos trabalhos de Abel e Felipe, mas são situações diferentes. Com dinheiro encurta os tempos. Ali há anos e anos de investimento. Temos de ter ideias com calma e brigar pelo o que a gente pode brigar.”
Ele reconheceu que o Tricolor paulista está em um nível diferente no momento, mas que o trabalho é focado em reduzir essa distância. A menção a jogadores como Lucas e Luciano, que recebeu um cartão amarelo, foi breve.
“Lucas sabe que tem de voltar a ser o Lucas que a gente conhece, que o mundo conhece. É ter atenção, momento difícil, sequencia curta, sem tempo de recuperar. Estamos esperando o verdadeiro Lucas, durante o caminho esperamos que faça muitos gols.”
Fonte: Globo Esporte